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Americanas pode quebrar? Clima piora entre empresas e bancos e já não há dinheiro para tocar operação

Americanas teria hoje R$ 800 milhões no caixa, dinheiro insuficiente para manter a rede de pé

Data de publicação:19/01/2023 às 08:00 - Atualizado 2 anos atrás
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A situação da Americanas se deteriorou na quarta-feira, 18, depois que o BTG Pactual e o BV conseguiram bloquear na justiça R$ 1,4 bilhões da companhias.

A varejista voltou a sinalizar aos bancos detentores de suas dívidas que precisará de uma capitalização urgente não apenas do trio de acionistas de referência - os sócios da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira -,  mas também das próprias instituições.

Ao mesmo tempo, está recorrendo a todas as fontes de liquidez imediata de que dispõe para continuar operando, diante de um caixa que está ficando vazio.

Americanas está recorrendo a todas as fontes de liquidez imediata de que dispõe para continuar operando - FOTO: DIVULGAÇÃO

Depois do BTG e do BV, outros dois bancos, o Bradesco e o Goldman Sachs, resolveram entrar na Justiça contra a Americanas. O banco Safra bloqueou recursos da varejista em suas contas. E fontes próximas argumentam que a varejista pode ter que pedir uma recuperação judicial a qualquer momento, sobretudo quando se considera que seu caixa despencou de quase R$ 8 bilhões para perto de R$ 800 milhões, dinheiro que não é suficientes para tocar o dia a dia da rede de varejo.

Segundo apurou o Estadão, o Rotschild, novo assessor financeiro da companhia, voltou às reuniões com os bancos com a mesma proposta que Sérgio Rial havia tentado, sem sucesso, construir. Nela, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira injetariam R$ 6 bilhões na companhia, e os bancos entrariam com outra parte, convertendo parte da dívida em ações.

Essa proposta já havia sido rejeitada pelos bancos antes, diante da percepção de que os acionistas tentavam dividir com as instituições uma conta que não lhes caberia.

A percepção se mantém, com certo nível de espanto entre os bancos, mas há uma diferença fundamental: nos últimos dias, o caixa da Americanas caiu de forma considerável.

“As conversas foram mal, não evoluíram”, contou um interlocutor, ressaltando que a proposta da varejista foi mal recebida.

A percepção, na visão de um banco credor, é que os controladores pouco estão se importando com a situação e ainda não mostraram disposição de "arregaçar as mangas". Oficialmente, ainda não se manifestaram.

Sem dinheiro no caixa

Segundo apurações da Agência Estado, a empresa tem hoje cerca de R$ 800 milhões em caixa, após alguns dos bancos credores bloquearem recursos para fazer frente ao vencimento antecipado de compromissos.

Em um dos casos, ao verificar a conta bancária da empresa, pessoas envolvidas constataram que ela estava zerada, o que dá dimensão da corrida por recursos.

Para além disso, em razão do rebaixamento de notas de crédito da companhia, ela não tem conseguido antecipar cerca de R$ 3 bilhões em recebíveis de cartão, com os quais contava.

Recurso do Bradesco

Em recurso apresentado à Justiça do Rio de Janeiro, o Bradesco afirmou que desde que divulgou um rombo de R$ 20 bilhões, na última quarta-feira, a varejista tentou acessar "centenas de milhões de reais".

O banco não detalha o volume de recursos, mas pediu à Justiça que a Americanas só possa sacar dinheiro dos bancos mediante autorização prévia.

O temor dos bancos credores é o de que a Americanas consiga retirar o dinheiro das contas e o utilize para outras finalidades, como manter a operação rodando.

No mercado financeiro, fontes questionam se a varejista já não vinha preparando um pedido de recuperação judicial há algum tempo.

Ainda assim, alguns dos envolvidos consideram que há uma saída viável para a empresa: uma injeção de ao menos R$ 15 bilhões pelos acionistas de referência. Um capital que só teria retorno no longuíssimo prazo, com a recuperação da credibilidade da companhia perante o mercado, fornecedores e sobretudo, clientes.

Depois da injeção, viria uma renegociação com os credores, que seria difícil, mais viável. Sem isso, a empresa quebraria. / AGÊNCIA ESTADO

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