Economia

Alta dos juros futuros oferece mais riscos a ações globais de tecnologia, entenda

Para aproveitar juros altos, investidor tende a realizar lucros em ações mais valorizadas

Data de publicação:06/07/2021 às 05:00 - Atualizado 3 anos atrás
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As ações de companhias de tecnologia estão particularmente mais vulneráveis aos ajustes dos juros longos, em curso no mercado global, por apresentar valuations (múltiplos) mais elevados, contempla análise da Hieron Patrimônio Familiar e investimento, em relatório.

Valuation é um termo de origem inglesa que significa avaliação de empresa e é calculada em função, entre outras variáveis, da perspectiva de juros futuros. Presume-se, então, que quanto mais valor tiver uma empresa mais valorizadas estariam suas ações no mercado e os detentores mais dispostos à venda delas com alta dos juros. Seria uma forma de realizar e garantir os lucros dos papeis, e se reposicionar em juros, diante de perspectiva de enfraquecimento da bolsa pela concorrência de juros mais altos.

Mercado financeiro passa por transição, de juros e inflação baixos por retomada da economia com pressão sobre taxas e preços

Fariam parte desse rol os papeis de grandes companhias americanas de tecnologia, as mais cobiçadas pelos investidores domésticos que diversificam suas carteiras, sobretudo com ações de empresas dos EUA.

Os analistas da Hieron entendem que o mercado financeiro global passa por uma fase de ajuste para novo equilíbrio. Uma transição de um cenário de juros e inflação baixos, agravado pela crise da pandemia do coronavírus, para outro de retomada de atividade econômica, que viria acompanhada de inflação e taxas de juro em outro patamar.

Alguns excessos de preços de ações e de outros ativos podem passar por correção, mas o cenário para ações internacionais parece continuar positivo no longo prazo, destaca o relatório. Os analistas não acreditam, apesar da preocupação de muitos com o superaquecimento da economia americana, em pressões inflacionárias permanentes.

Inflação nos EUA é determinante para os juros

 O cenário de inflação nos EUA continua bastante difuso no curto prazo e o mercado tem tido muita dificuldade para distinguir choques de oferta temporários (dificuldade de contratar trabalhadores a despeito do desemprego ainda elevado, escassez de matéria-prima e componentes por gargalos das cadeias de suprimento) de pressões inflacionárias por excesso de demanda (superaquecimento da economia e do consumo).

Analistas da Hieron também não têm claro ainda a natureza da inflação nos EUA, mas, se for por pressão de demanda, “indicadores de inflação acima do esperado darão sustos nos mercados de tempos em tempos”.

O relatório avalia que o cenário internacional tende a continuar favorável aos ativos de risco, mas os retornos esperados serão mais modestos que em anos anteriores. “A recuperação cíclica sincronizada das economias desenvolvidas já está provocando ajustes nas taxas de juro de longo prazo, ainda que de formal gradual e ordenada.”

Os EUA, que combinam estímulos fiscais vigorosos e vacinação acelerada, assistiu à taxa dos Treasuries de 10 anos chegar a 1,75% ao ano no primeiro trimestre, destacam os analistas. O juro desses títulos veio abaixo de 1,50% no segundo semestre, mas “o processo de normalização econômica global deverá fazer com que essa taxa retorne à faixa de 2,00%-2,25% talvez ainda este ano”.

As taxas de juro na Europa passam pelo mesmo processo de ajuste, embora com menor intensidade. Um cenário em que, para a Hieron, aplicações internacionais na renda fixa com prazos mais longos devem continuar a sofrer, apesar do alívio temporário dos últimos dois meses.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.