A indústria de fundos de investimentos no Brasil: entenda sua evolução!
Esse é um assunto que vem ganhando cada vez mais espaço entre aqueles que já conhecem o mercado financeiro, e também entre aqueles que estão chegando…
Esse é um assunto que vem ganhando cada vez mais espaço entre aqueles que já conhecem o mercado financeiro, e também entre aqueles que estão chegando agora: a indústria de fundos de investimentos.
Ao falarmos de investimento, por si só, podemos perceber uma certa caminhada evolutiva nesse quesito. Uma prática considerada inalcançável a determinadas classes sociais, hoje faz parte do cotidiano de milhares e milhares de pessoas.
Quer dizer, investir deixou de ser "coisa de gente rica" ou "assunto para economista". Informações acerca do assunto estão cada vez mais acessíveis e fáceis de serem interpretadas, possibilitando oportunidade a qualquer um que se interesse. Ainda bem!
Antes de entrarmos mais a fundo na questão do crescimento dessa indústria, é importante que você esteja a par de alguns conceitos básicos, a fim de conseguir visualizar e compreender as modificações que se deram de alguns anos para cá.
O que é um fundo de investimento?
A Instrução da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que dispõe sobre a constituição, administração, funcionamento e a divulgação de informações acerca dos fundos de investimentos é a de Nº 555, publicada em 17 de Dezembro de 2014.
A partir dela, ficou entendido que um fundo de investimento nada mais é do que uma espécie de "condomínio aberto", capaz de englobar recursos e cotistas - que por sua vez, possuem direitos e deveres iguais.
Supondo que você dispõe de certa quantia financeira para investimentos, seja na modalidade de renda fixa ou de renda variável, algumas opções precisam ser estudadas previamente. Você pode comprar ações no mercado balcão da Bolsa de Valores, ou pode terceirizar esse serviço depositando sua renda num fundo de investimento.
Escolhendo a segunda opção, você dá ao administrador do fundo a permissão e liberdade de comprar os ativos por você. Aliás, vale esclarecer que esse administrador tem por obrigação estar regulamentado na CVM e possuir cadastro jurídico - isto é, ser uma instituição com CNPJ e tudo.
Imagine, ainda, que além de você, diversos outros investidores estão aplicando suas rendas no mesmo fundo. O pouquinho de cada um resulta num valor cheio e muito maior, certo? Esse valor é chamado de patrimônio líquido do fundo.
A partir desse momento, todos vocês serão chamados de cotistas, pois cada um possui uma pequena influência financeira no fundo. Uma vez que o ativo comprado pelo administrador seja valorizado, as cotas também serão, e assim vocês terão a oportunidade de lucrar com a aplicação realizada.
Basicamente, é assim que funciona! O objetivo do fundo de investimento é facilitar o acesso ao mercado de capitais, e fazer com que investidores comuns possam ter acesso a produtos estruturados e mais sofisticados.
É importante esclarecer que existem vários tipos de fundos de investimentos, cada um com suas regras e especificidades, como por exemplo:
- Fundo aberto: possui um número ilimitado de cotas, portanto, qualquer investidor pode comprá-las e investir quando desejar.
- Fundo fechado: possui um número limitado de cotas, portanto, se mantém aberto para captação por um período determinado.
- Fundo com carência: possui um prazo de validade a ser respeitado para que o resgate do lucro possa ser efetuado.
- Fundo sem carência: o resgate do lucro pode ser efetuado a qualquer momento, conforme critério pessoal de cada investidor.
Segundo dados apresentados pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), até agosto de 2019 os fundos de investimentos no Brasil acumulavam um patrimônio de R$5,2 trilhões.
A evolução ao logo do tempo: dados palpáveis sobre rentabilidade!
Agora que você entendeu o que de fato são fundos de investimentos, chegou a hora de mostrarmos quais são eles. O mercado financeiro dispõe de uma infinidade, sendo assim nós selecionamos os mais "famosos" e impactantes para te mostrar.
Fundos Cambiais
Como o próprio nome já diz, os fundos cambiais são aqueles que precisam ter no mínimo 80% do seu patrimônio aplicados em moedas estrangeiras - normalmente dólar ou euro, mas essa não é uma regra.
Isso significa que o rendimento desse fundo será equivalente a performance de determinada moeda frente ao real brasileiro. Sendo assim, as variações do dólar, por exemplo, influenciam diretamente na rentabilidade dos cotistas.
Pode ser considerado um fundo de alto risco justamente pela variação das moedas em questão. Pense em todos os momentos de crises, onde o dólar já esteve no ápice da valorização ou a preço de banana... Os investidores dessa modalidade sentiram no bolso - literalmente - os picos mais benéficos e também os mais desastrosos!
Em 2019, até o mês de agosto, os fundos cambiais haviam rendido mais do que o próprio CDI. Enquanto eles apresentaram um resultado de 8,6%, uma das maiores referências em renda fixa - considerada segura - não passou dos 4,2%.
Entretanto, mesmo apresentando uma rentabilidade superior, seu desempenho ao longo dos meses foi bem variado: em janeiro registrou perda de 5,5% devido ao recuou do dólar no mesmo período, e após 2 meses já mostrava retorno positivo de 4,7 devido a alavancagem da moeda estrangeira.
No ano de 2020, com a valorização do dólar próximo aos 40%, os fundos cambiais tiveram um crescimento maior em comparação as outras categorias de fundos: algo em torno de 105% de janeiro a setembro.
Fundos Imobiliários
Os fundos imobiliários - também conhecidos como FII - são considerados uma das modalidades mais antigas e tradicionais de investimentos, ficando páreo a páreo com a caderneta de poupança. No Brasil, ganhou força a partir de 2007.
Esse tipo de fundo tem suas cotas negociadas direto na Bolsa de Valores, portanto é um processo muito similar a compra de uma ação - nesse caso, os títulos negociados se tratam de imóveis comerciais, como galerias de shoppings centers, empresas públicas e também privadas.
Em junho de 2020, o IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) indicava cerca de 5,59% das cotas negociadas na B3 como as mais promissoras do setor. Apenas dois meses depois, a marca do primeiro milhão de investidores de fundos fora alcançada!
Esse aumento significativo vinha sendo estudado desde 2018, onde 208 mil pessoas físicas investiam em fundos imobiliários. Em dezembro de 2019, uma porcentagem de 82% mostrou um resultado de quase 5 vezes mais sobre o valor anterior: 645 mil investidores.
Os fundos imobiliários encerraram o ano de 2020 com cerca de 1,172 milhão de investidores em posição de custódia, segundo dados da própria Bolsa de Valores. Financeiramente falando, isso representa um recorde de R$54 bilhões aplicados nessa modalidade até o início de 2021.
Sem dúvidas, essa tem se tornado uma opção cada vez mais acessível e promissora!
Fundos de Inflação
Essa categoria de fundos está diretamente ligada aos títulos - em sua maioria de renda fixa - baseados nos índices de inflação do país - ou, como você já pode ter visto por aqui, o famoso IPCA.
Assim como os fundos cambiais, a rentabilidade dos cotistas dependerá muito da performance de um indicador específico, nesse caso, a taxa básica de juros Selic. Isso porque, quanto mais baixa a Taxa Selic se encontra, maiores são as possibilidades de ganhos sobre títulos de inflação.
Os fundos de inflação ficaram popularmente conhecidos por volta de 2011 e 2012. Até outubro de 2018, eles já arrecadavam cerca de R$1 bilhão investidos. Entretanto, economistas dizem que o jogo pode mudar a qualquer momento: com o aumento da Taxa Selic nos próximos anos, é preciso cuidado e muito estudo antes de investir nessa modalidade.
Fundos de Ações
Funcionam de maneira muito semelhante ao FII.
Aqui, pelo menos 67% do patrimônio do fundo deve ser investido em ações disponíveis na Bolsa de Valores, que costumam ser bônus de subscrição, cotas de outros fundos, certificados de depósitos ou BRDs (Brazilian Depositary Receipts - certificados emitidos por empresas de outros países, mas que são negociados na plataforma da B3).
Essa porcentagem representa cerca de 2 terços do valor total do patrimônio, sendo que a 3ª parte ou qualquer valor restante fica disponível para ser investida em outros tipos de ativos financeiros.
O fundos de ações podem, ainda, serem divididos em outras subcategorias, como dividendos, small caps, setoriais, investimentos no exterior, fundos livres, fundos específicos e assim por diante. As opções são imensuráveis!
Até novembro de 2018, o fundo de ação com maior rentabilidade do período apresentava cerca de 29,5% ao mês. No ano seguinte, até o mês o mês de novembro, houve um salto de 40,16% de lucratividade para aqueles que mantiveram seu dinheiro aplicado.
Em 2020, os fundos de ações que apresentaram maior rentabilidade estavam direcionados ao mercado externo. O fundo global Morgan Stanley foi apontado como o mais lucrativo, rendendo quase 91,3%, deixando o segundo lugar no ranking para o BDRs da Western Asset, que rendeu praticamente 66%.
O pontapé da evolução dos fundos de investimentos
Conforme nós dissemos lá no início, a primeira Instrução da CVM em relação a indústria de fundos de investimento no Brasil foi regulamentada em 2014. Entretanto, os investimentos nessa modalidade já aconteciam anos antes.
A questão é que, antes sim, era um tanto complicado que qualquer um pudesse ter acesso a esse tipo de produto.
Em 2005, por exemplo, os valores alocados em fundos de investimentos não passavam de 640 bilhões de reais, enquanto em 2020 já batemos a marca dos 5 trilhões, segundo a ANBIMA.
Esse crescimento de aproximadamente 721% é consequência do sincronismo entre alguns fatores macro e microeconômicos. Veja:
A evolução da indústria de fundos de investimento está intimamente ligada com o crescimento do mercado. É notório o aumento das opções de varejo e serviços disponíveis para o consumo da população, e com isso, o trabalho autônomo de milhares de brasileiros.
Antigamente, aqueles que estavam a frente de sua família buscavam apenas uma fonte de renda para garantir o sustento daqueles que ama. Hoje, pensa-se muito mais em constituir carreira através de alguma especialização e abertura de negócio próprio.
Isso significa que, pouco a pouco, o brasileiro foi tomando posse sobre a própria remuneração - e mais, entendendo o verdadeiro valor do seu dinheiro! Consequentemente, o mundo dos investimentos foi ganhando espaço na vida de cidadãos comuns, como possibilidade de ganhos reais e dentro da lei.
Em 2016, o número de cotistas do nosso país não passava de 10,5 milhões, enquanto hoje esse número está quase duplicado: 20,5 milhões de brasileiros investem em fundos de algum tipo.
E, claro, se o número de cotistas aumentou, a quantidade de gestores de fundos de investimentos também cresceu ao longo dos últimos anos. Imagine o que seria desse mercado se a própria população não tivesse conquistado autonomia sobre sua fonte de renda, conforme dissemos anteriormente...
Além disso, o número de pessoas que investem em outros segmentos também aumentou no mesmo período, crescendo de 200 mil para aproximadamente 4 milhões. Isso representa um aumento de quase 20% dentro de apenas 4 anos.
Isso ocorreu porque, ao mesmo passo em que pessoas físicas se informaram sobre as modalidades de investimentos e apostaram nisso, as pessoas em cadastro jurídico passaram a considerar ter ativos do seu negócio disponíveis na Bolsa de Valores - aumentando ainda mais as opções desse mercado.
Até 2005, existiam aproximadamente 3,6 mil fundos na indústria, enquanto em 2020 esse número supera a marca dos 18 mil.
Sabe aquela relação entre oferta e demanda? Então, é isso: quanto mais os investidores querem, mais a indústria disponibiliza, e todo mundo acabar crescendo junto!