5 curiosidades que você precisa saber sobre a Crise de 2008
A Crise do Subprime, ocorrida em 2008, foi um dos eventos mais caóticos da história do mercado financeiro global. Com impactos severos para diversos países do…
A Crise do Subprime, ocorrida em 2008, foi um dos eventos mais caóticos da história do mercado financeiro global. Com impactos severos para diversos países do nosso planeta, o tema é assunto recorrente quando o falamos de economia.
Se os fatos e os motivos que levaram o mundo até essa forte crise no começo do século já são bem conhecidos, há muita coisa que ficou nos bastidores. Hoje, nós vamos listar alguns fatos e curiosidades que não são tão comentados, mas que você deveria conhecer.
5 curiosidades sobre a Crise de 2008
Como foram os dias anteriores à explosão da grande crise de 2008? Por que o governo americano não salvou o gigantesco Lehman Brothers? Houve alguém que se beneficiou desse cenário caótico?
Essas são algumas das perguntas que muitos investidores fazem quando estudam a Crise do Subprime. E o mais interessante é que muitas delas nos levam às curiosidades desse período turbulento da nossa economia. Vamos conhecê-las.
1. O governo americano não quis salvar o Lehman Brothers
Uma das dúvidas comuns sobre o episódio que resultou na quebra do gigantesco banco Lehman Brothers é bem objetiva: por que o governo americano não interveio? Por que não houve uma tentativa de ajudar a instituição financeira a evitar a sua falência?
Em um primeiro momento, a resposta parece óbvia: a crise era tamanha que nada poderia ser feito. No entanto, essa não é toda a verdade. Havia sim possibilidade de fazer algo pelo Lehman Brothers, assim como aconteceu com outras companhias e instituições estratégicas para os Estados Unidos.
Portanto, a verdade é outra: a quebra do Lehman Brothers foi uma decisão estratégica do governo americano. É evidente que, em qualquer cenário, o caos já estava instalado na economia global. Contudo, foram duas razões para que não houvesse uma ação prática para tentar ajudar a evitar essa falência. Elas estão descritas abaixo:
- Blefe: o primeiro motivo foi uma escolha estratégica para evitar um efeito cascata para o Tesouro Americano. Ao negar ajuda ao Lehman Brothers, o governo americano se colocava de maneira confortável a não ser obrigado a fazer o mesmo pelos outros bancos. Assim, poderia intervir apenas em casos estratégicos e que realmente fossem essenciais para os Estados Unidos.
- Política: o outro motivo estava nas eleições presidenciais, que ocorreriam naquele mesmo ano. A população fez fortes campanhas e protestos na rua contra o uso do dinheiro público para salvar companhias privadas. Nenhum candidato se colocaria contra uma vontade popular naquela altura.
Dado esse cenário, foi até "confortável" para o governo americano negar a ajuda solicitada pelo Lehman Brothers. A posição atendia a um desejo da própria população e, ao mesmo tempo, permitia o posicionamento similar para outras instituições financeiras, caso necessário.
2. O futuro do Lehman Brothers ficou em uma mensagem de voz
Outra curiosidade bem interessante sobre os dias que antecederam a quebra do Lehman Brothers é que o futuro do banco ficou em uma mensagem de voz. Mais especificamente na caixa de entrada de ninguém menos que Warren Buffett.
Mas o que o "Mago de Omaha", como Buffett é carinhosamente conhecido, tem a ver com a maior crise financeira da história? A princípio, muito pouco. Ocorre que, no final de semana que antecedeu ao dia decisivo para o banco, uma segunda-feira, os líderes das principais instituições financeiras americanas se reuniram na tentativa de encontrar uma solução para o Lehman Brothers. E a ajuda de Buffett foi sugerida.
Neste momento caótico da economia americana, contudo, o renomado investidor resolveu sair de férias. Ele estava no Canadá quando recebeu uma ligação pedindo ajuda. Na oportunidade, solicitou um fax com números do Lehman Brothers para avaliar o negócio. Esse fax nunca chegou. Ao invés disso, os banqueiros optaram por enviar uma mensagem de voz. Ele só viu a mensagem meses depois, quando já era tarde demais.
É verdade também que, posteriormente, Buffett destacou que o Lehman Brothers tinha sérios problemas estruturais (alavancagem excessiva, ativos ruins e fraudes foram alguns dos apontamentos) que inviabilizaram o negócio. Entretanto, no calor do momento, será que a decisão não seria diferente?
3. O Índice de Basileia não foi criado durante a crise
O caos financeiro desencadeado pela Crise do Subprime obrigou o mundo a revisar por completo suas regras e diretrizes para as instituições bancárias. Muitos dos problemas se originaram em um excesso de irresponsabilidade no financiamento de ativos imobiliários. O Lehman Brothers, aliás, era um dos bancos que mais apostava no setor antes da bolha explodir.
Uma das medidas adotadas na tentativa de evitar problemas futuros foi a revisão do Índice de Basileia, que é um indicador de capital mínimo que as instituições financeiras devem manter em caixa para eventualidades e emergências.
No entanto, ao contrário do que muitos imaginam, essa medida não foi criada em 2008, mas sim em 1988. O que houve durante a crise foi uma revisão completa das regras, estipulando novos patamares de reservas para preservar a segurança e a estabilidade do sistema financeiro.
4. O "problema não é meu" dos britânicos impediu um final feliz
Outra curiosidade interessante é que, por muito pouco, o Lehman Brothers não contou com uma ajuda inesperada. O Barclays, outra renomada instituição financeira, surgiu como um potencial comprador. No passado, em outro cenário, já havia uma sinalização de interesse no negócio.
Acontece que a ideia de adquirir o Lehman Brothers não foi bem aceita em Londres, onde fica a sede do Barclays. O conselho do banco e os agentes reguladores passaram a se manifestar contra a aquisição. Até mesmo a mídia sinalizou a participação como negativa.
O tom das críticas era de que o banco estaria tentando salvar um problema que era dos Estados Unidos — e não da Inglaterra. O resultado? O Barclays desistiu da compra e o Lehman Brothers, como sabemos, teve que declarar sua falência no dia 15 de setembro de 2008.
5. A crise não foi ruim para todos
As notícias da crise são, como não poderia deixar de ser, bem negativas. Foi um período muito turbulento da economia global. Contudo, nem todas as pessoas se deram mal nesse momento.
Isso mesmo: houve quem ganhou (muito) dinheiro com a Crise de 2008. Foram investidores que perceberam que algo estava errado com o sistema e resolveram apostar contra as instituições financeiras e o setor imobiliário. Uma tacada de alto risco, mas que rendeu altas cifras a quem confiou na estratégia.
A história real desses investidores virou até filme: "A Grande Aposta". O enredo conta a história dessas pessoas que teimaram em investir contra o próprio sistema, algo impensável em qualquer situação.
E você? Gostou dessas curiosidades sobre a Crise de 2008? Já as conhecia? Tem mais alguma que deixamos de abordar? Use a área de comentários para compartilhar sua opinião conosco.