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Índices e Indicadores

Valuation: como encontrar o valor justo de uma empresa?

O que você leva em consideração na hora de comprar ações de uma empresa? A sua afinidade com a companhia? Os potenciais lucros? Pois a maior…

Data de publicação:29/10/2020 às 09:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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O que você leva em consideração na hora de comprar ações de uma empresa? A sua afinidade com a companhia? Os potenciais lucros? Pois a maior parte dos investidores bem sucedidos tem a sua metodologia para filtrar ativos: o valuation.

Esse é um termo muito comum para quem gosta do mercado de ações, mas vale também para outros mercados — como os fundos imobiliários. Hoje, vamos explicar como tudo isso funciona e como você pode aprender a precificar os seus ativos antes de investir.

O que é valuation?

O valuation é, em resumo, um processo para precificação de um ativo. O termo é originado na língua inglesa e podemos traduzi-lo para "avaliação de empresas", pois é esse exatamente o objetivo da ferramenta.

Claro que, de um modo geral, entender o conceito é muito mais fácil do que aplicá-lo na prática. Afinal, quantas variáveis devem ser levadas em consideração para encontrar o valor de uma companhia? Produtos, qualidade, projeção para o futuro e gestão são apenas alguns desses fatores.

Para essa missão de precificação, o valuation pode se utilizar de diversos raciocínios, conforme veremos ao longo do artigo. Antes, contudo, você precisa entender o motivo pelo qual é tão importante usar desse procedimento ao investir em ações.

Qual é a importância do valuation?

Em resumo, a principal razão para avaliar uma empresa por meio do processo de valuation é entender se vale a pena comprar ou não as suas ações em um determinado momento.

Imagine, por exemplo, que você queira comprar uma camiseta nova para sair com os amigos. Ao chegar em uma loja, você gosta de uma amostra que está na vitrine. Neste momento, imagino, também tenha definido um "valor justo" para o produto. Suponha que seja de R$50.

Ao perguntar o preço para o vendedor, contudo, ele te informa que a camiseta custa, na verdade, R$80. É bem provável que você deixe de comprá-la por um motivo muito simples: essa camiseta está muito cara. Por que você faria diferente na hora de comprar ações?

É neste ponto que reside a importância do valuation. Ao encontrar o valor por ação justo de uma companhia, torna-se mais fácil realizar um comparativo com o preço praticado no mercado e entender se vale a pena ou não investir naquela empresa.

Esse é um conceito estabelecido pelo Value Investing, estratégia adotada por alguns do maiores investidores de todos os tempos. O seu objetivo é comprar boas empresas, mas negociadas a preços abaixo do justo, garantindo assim uma margem de segurança maior ao investimento.

Vale lembrar que, por melhores que sejam as perspectivas para uma companhia, existem sempre riscos associados ao seu crescimento. Quem imaginaria, por exemplo, que tantos segmentos se veriam obrigados a parar por conta de uma pandemia em 2020? Ao comprar negócios caros, você acaba contando com um crescimento muito alto que, se não realizado, pode gerar prejuízo ao seu patrimônio.

Para que você entenda melhor a metodologia, nada melhor do que uma frase simples, mas extremamente inteligente, dita por um dos adeptos do Value Investing, Warren Buffett:

Preço é o que você paga. Valor é o que você leva.

Como fazer o valuation de uma empresa?

Como mencionamos anteriormente, o valuation de uma empresa é um processo um tanto quanto complexo, pois envolve uma série de análises subjetivas que, ao contrário dos dados objetivos, não são tão simples de avaliar.

Portanto, existem diversas metodologias para aplicação do valuation na precificação das ações de uma empresa. Vamos conhecer alguns dos mais comuns.

Fluxo de Caixa Descontado

O Fluxo de Caixa Descontado (FCD) é uma das mais utilizadas fórmulas para precificar ações de uma empresa. Isso porque ele utiliza de uma metodologia mais abrangente, mas também mais complexa. A sua teoria é de que o valor de uma companhia é equivalente à projeção dos seus fluxos de caixa, mas trazidos ao valor presente. 

Além disso, o método do Fluxo de Caixa Descontado também defende a aplicação de uma taxa de desconto sobre esses fluxos de caixa. O principal objetivo é oferecer uma margem de segurança ao investidor caso algo dê errado no meio do caminho. No exemplo da camiseta, é como se você soubesse que o preço justo é R$50, mas só aceitasse comprá-la a partir de R$45.

Isso é importante porque, ao contrário do que parece, o futuro da economia não é nada previsível. Assim, por vezes você pode ser um pouco otimista com o crescimento de um negócio e essa taxa de desconto será responsável por garantir maior segurança ao investimento.

A etapa mais complexa do método do Fluxo de Caixa Descontado é encontrar qual será a taxa de crescimento das receitas da empresa. É necessário, afinal, utilizar de algumas premissas e, quanto maior o prazo de análise, mais difícil é acertar na projeção. Como saber como estará a economia daqui a dez anos?

Feito isso, é preciso encontrar a taxa de desconto, algo que envolve os riscos do negócio. Quanto maior a incerteza do segmento ao qual a companhia pertence, maior a taxa de desconto.

Para tornar a decisão ainda mais embasada, os investidores também pode acrescentar a análise do custo médio ponderado de capital (WACC). Essa é uma ferramenta utilizada para saber o "custo do dinheiro" de um investimento. Sendo assim, o potencial retorno deve superá-lo para que valha a pena.

Análise de múltiplos

Outra metodologia bem comum para os investidores de ações é o método da Análise de Múltiplos. Como o próprio nome sugere, o objetivo dessa abordagem é comparar indicadores de empresas para escolher as melhores oportunidades.

Existem dezenas de indicadores para essa finalidade, mas alguns são mais comuns. É o caso do comparativo de preço dividido pelo lucro (P/L) da empresa, do seu nível de endividamento ou a avaliação do seu EBITDA (lucros antes de impostos, depreciação e amortização).

Caso opte por essa metodologia, certifique-se de comparar empresas do mesmo segmento. Cada setor, afinal, tem a sua própria realidade e não faz sentido comparar um negócio de alto risco, como as companhias aéreas, com empresas de um segmento mais estável, como energia elétrica, por exemplo.

Outro ponto importante é ficar de olho também nos resultados trimestrais divulgados. Por vezes, algum evento extraordinário pode afetar positiva ou negativamente os indicadores de uma companhia. É essencial, portanto, acompanhar o desempenho histórico de cada item, evitando assim uma análise precipitada.

Outros métodos para valuation

O Fluxo de Caixa Descontado e a Análise de Múltiplos são os dois modelos de valuation mais utilizados pelos investidores. No entanto, não são os únicos. Cada economista pode utilizar das suas ferramentas.

Abaixo, listamos algumas das outras metodologias existentes atualmente apenas para que você tenha um contato inicial com elas.

  • Valuation Contábil: é o processo de analisar uma companhia pelo seu valor contábil, isto é, o seu Patrimônio Líquido. Esse procedimento não é recomendável, pois ignora uma série de fatores subjetivos da empresa, podendo distorcer o valuation.
  • Valuation de Liquidação: outra metodologia bastante simplista, o Valuation de Liquidação consiste em somar os ativos e subtraí-los pelos passivos. Novamente, ignora fatores importantes, mas tem alguma utilidade para negócios próximos da falência.
  • Valuation Pré-Money: é o processo de avaliar uma empresa em um momento anterior à recepção de investimentos. Não é recomendado porque, novamente, simplifica demais a precificação de um negócio. É mais usados em negócios em desenvolvimento, como startups.
  • Valuation Postmoney: é o oposto do Valuation Pré-Money, onde o investidor considera também o seu aporte financeiro. Ou seja, os cálculos para precificação ocorrem englobando também o capital adicionado.

Deu para entender como funciona o valuation?

Como vimos, existem diversas abordagens para a realização do processo de valuation de uma companhia. Cada um deles apresentando suas próprias vantagens e limitações, sendo importante entendê-las antes de realizar qualquer investimento.

É natural que, ao menos para o investidor iniciante, tudo pareça muito complexo. Ou então que ele busque uma fórmula mágica para sempre acertar na precificação. Infelizmente, não é assim que funciona: o valuation exige a análise de uma série de fatores subjetivos, algo que torna o desafio ainda maior. Não fosse assim, todos os investidores seriam ricos, concorda?

O mais importante em um primeiro momento nem é dominar todos os fundamentos, mas entender o quão essencial é precificar as empresas antes de investir para o objetivo de realizar um bom negócio. É essa ferramenta que permitirá um filtro de boas oportunidades no Mercado Financeiro.

E se você se interessa pelo mercado de ações e quer aprender mais sobre a precificação de ativos, fica o convite para conhecer o nosso treinamento online Descomplicando a Bolsa de Valores.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.