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Erros comuns dos investidores e como evitar. Ilustração
Finanças Pessoais

Erros comuns de investidores individuais e como os evitar

Você já parou para pensar nos riscos que o investidor comum, pessoa física, está exposto? Atitudes irracionais, que podem levar à perda de rendimentos, podem até…

Data de publicação:19/08/2019 às 19:41 -
Atualizado 4 anos atrás
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Você já parou para pensar nos riscos que o investidor comum, pessoa física, está exposto? Atitudes irracionais, que podem levar à perda de rendimentos, podem até superar os riscos de mercado.

Não é algo tão absurdo de se pensar, afinal, nem todo mundo tem tempo e dedicação para conseguir dominar as artes e especificidades do mercado, mas há aqueles que tomam o risco mesmo assim, sendo traído, muitas vezes, pelo próprio fator psicológico.

Pois é, essa ideia fica mais clara quando olhamos um levantamento feito pela DALBAR, uma famosa empresa de pesquisa nas áreas financeiras dos Estados Unidos, utilizando os dados da Investment Company Institute (ICI).

O estudo utiliza compras e vendas de ativos e resgates e trocas de fundos a cada mês, como medida do comportamento do investidor (sem cobranças de taxas).

Segundo a instituição, entre 1998 e 2018, a S&P acumulou rendimento médio de 5,62% por ano, ao passo que um investidor comum (ou average equity investor) conseguiu acumular apenas 3,88% por ano, nesse mesmo período.

O gráfico acima mostra o quanto essa diferença impacta ao longo desses 20 anos.

Segundo o estudo, um americano médio que começasse a investir US$ 100 mil em 1998, a partir da sua própria avaliação de mercado, teria na média no fim de 2018 algo como US$ 214 mil, o que não é necessariamente ruim.

Mas se o mesmo americano tivesse comprado os mesmos US$ 100 mil no S&P500 em 1998 e tivesse ido para a praia, teria algo como US$ 298 mil no fim do ano passado.

São US$ 84 mil de diferença, o que quer dizer muita coisa. Aliás, o mesmo estudo mostra que um investidor médio de renda fixa teria conseguido apenas 0,22% em média por ano nesse período, mas nem cabe colocar na mesa pois a diferença do acumulado seria abissal e o benchmark é outro (no caso, a Bloomberg Barclays U.S. Aggregate Index).

É muito difícil dizer com exatidão o motivo desse desempenho bastante abaixo do benchmark, mas podemos buscar alguns sinais (embora seja difícil assegurar a generalização) de um estudo feito pela Fidelity Investments com dados de seu fundo (Magellan) entre o período de 1977 e 1990.

Nesse período, o fundo conseguiu performar 29% por ano, o que obviamente chamou atenção de muitos investidores. As pessoas sabiam que ali tinha um gestor de peso e qualificado (Peter Lynch, uma lenda), superando o S&P anualmente.

O grande achado do estudo foi perceber que o investidor médio desse fundo acumulou rendimentos abaixo do benchmark nesse período. Pois é, parece loucura não?

Durante esse período, a despeito dos resultados positivos no fim do ano, o fundo passou por maus momentos. Em momento de forte queda, os investidores entravam em desespero e tiravam o dinheiro do fundo, voltando quando a situação era mais tranquila no mercado, mas acumulando perdas e perdas nesses movimentos.

A grande conclusão do estudo é revelar que os investidores tinham um péssimo timing para entrada e saída do fundo.

Há uma grande questão psicológica por trás disso, uma questão comportamental. Não por acaso, áreas como finanças e economia comportamental estão evoluindo de forma rápida nos últimos anos, inclusive com ganhadores de Nobel nessas áreas.

Os indivíduos, com mais frequência do que gostaríamos de acreditar, tomam decisões e fazem julgamento baseadas em emoções. O Nobel de Economia de 2017, Richard Thaler, tem achados interessantes nessa área.

O ser humano nem sempre é racional e algumas decisões são claramente tomadas com base em informações subjetivas, afetando as decisões econômicas individuais (muitas vezes de forma bastante danosa).

Entrando em finanças, Thaler já ressaltou que um dos principais problemas dos investidores individuais é o excesso de confiança, pensando que podem bater o mercado sempre (ad infinitum), vendendo bons ativos e segurando aqueles ruins.

Claro, há investidores que tentam “driblar” as questões emocionais das mais diversas formas possíveis, podendo destacar, por exemplo, algum sistema baseado em regras mais rigorosas ou até mesmo algoritmos, tornando a decisão menos “humana” e mais “computacional”.

Um estudo bastante interessante da década de 90, ”Judgmental extrapolation and market overreaction: On the use and disuse of news”, do psicólogo de Harvard, Paul Andreassen, mostra de forma curiosa que acompanhar o noticiário financeiro de forma excessiva pode levar os investidores a negociarem demais e obterem retornos menores do que aqueles que ignoram as notícias, sinalizando algum impacto negativo que o noticiário pode causar nas previsões e decisões dos investidores.

No caso brasileiro, também há resultados interessantes. Fernando Chague e Bruno Giovannett, ambos da EESP/FGV em São Paulo, no estudo “É possível viver de day-trading?”, utilizaram um banco de dados disponibilizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de 2012 a 2017 de todos os day-trades de pessoas físicas, encontrando evidências de que:

“19.696 pessoas começaram a fazer day-trade em mini índice entre 2013 e 2015; dessas, 18.138 (92,1%) desistiram, umas mais cedo, outras mais tarde; das 1.558 pessoas que persistiram por mais de 300 pregões, tentando de fato viver de day-trading, 91% tiveram prejuízo e apenas 13 pessoas obtiveram lucro médio diário acima de R$ 300,00. Os dados também mostram que o desempenho do daytrader não melhora à medida que ele persiste na atividade (na realidade, piora)” (CHAGUE; GIOVANNETI, 2019).

Mostrando uma questão comportamental interessante e preocupante: a persistência no fracasso.

Assim como no caso da Fidelity Magellan, o investidor individual parece revelar um comportamento estranho, baseado em algum modelo mental duvidoso, indo de encontro com os relatos de Thaler.

Pitacos para o investidor brasileiro

pitacos sobre como evitar erros nos investimentos. Ilustração

Esses estudos e resultados, somados a tantas outras experiências, podem trazer algumas contribuições para nós. Talvez o investidor brasileiro deva considerar mais aceitar a suas limitações, entendendo que encontrar bons resultados no mercado, de forma consistente e por longo período, é algo realmente difícil.

Pode parecer banal e até papo de “perdedor”, mas a realidade é impiedosa e impessoal. Tente entender que, não é pelo fato de ter acertado alguns “trades” durante um ano que você naturalmente se converteu em um mago das finanças, com um toque de Midas.

Se usa alguma casa de research, é preciso entender por qual motivo eles conseguiram acertar algum call, e por quais motivos eles erraram outros.

Havia fundamento? Houve fatores subjetivos? O chute foi bom? Havia o tal do wishfull thinking? Algum comportamento de manada?

Se você está com dinheiro alocado em um fundo e as coisas começam ir mal, do que adianta entrar em desespero e já pensar em retirar? Não faltam relatos nesse sentido.

Você sabe exatamente o motivo da queda do rendimento do fundo? Você tem acompanhado as cartas e mensagens do gestor, que explicam o que motivo dele ter montado aquela posição e tomado aquela decisão? Fazia sentido na época em que ele montou posição? Se fazia sentido para você, mas deu errado, qual a razão do desespero? Será que você tinha esse perfil de risco?

É importante você acompanhar o mercado, tentar se informar o máximo possível no mundo das finanças e da economia para conseguir, inclusive, entender o que o seu gestor está fazendo.

Se você não concorda com alguma posição ou decisão dele, seja pelo motivo que for, aí faz algum sentido você efetuar alguma movimentação.

Agora se você nem sabe o que está acontecendo no fundo e já começa a culpar o gestor por alguns resultados ruins no curtíssimo prazo, isso mostra mais da sua propensão a perder dinheiro do que a competência ou não do gestor.

Conclusão

Não se informar dos humores do mercado e transferir toda essa responsabilidade para quem está fazendo a gestão do seu dinheiro pode ser um péssimo negócio nos momentos de estresse. Na verdade, você está absorvendo o risco, não transferindo-o.

Mais do que isso, é preciso entender que muito dos seus movimentos e intenções de investimentos podem ocorrer de fundamentos emocionais e não racionais, te colocando em posição de tomar péssimas decisões.

Entender seu perfil de risco é realmente importante, embora a frase soe banal. Descobrir que você é mais avesso ao risco num momento turbulento é o algoritmo perfeito para perder dinheiro.

Ser tomador de risco durante um mercado de alta é muito fácil, agora identificar que esse perfil pode não ser o seu, mesmo nesse mercado, é realmente uma tarefa dura.

Há formas de fugir dessas questões emocionais: por exemplo, colocando regras e metas nas suas decisões, que você seguirá fielmente; se tiver conhecimento mais técnico, pode apostar em algoritmos, que não sofrem efeito de emoção na hora da análise e da operação; encontrar um bom profissional ou uma boa instituição de investimento, que irá investir por você ou te auxiliar.

Mesmo que essas pessoas sejam expostas a emoções, é fato que elas possuem mais conhecimento e experiência para lidar com situações de estresse ou momentos adversos no mercado.

Sobre o autor
Arthur Lula Mota
Economista, já atuou no mercado financeiro e em departamento econômico, com elaboração de cenários macroeconômicos e estudos setoriais. Atualmente é Mestrando em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e dono de um dos maiores sites independentes de economia no Brasil – o Terraço Econômico.
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